ELETIVA DE LINGUAGENS: LITERATURA DE CORDEL (AULAS 1 e 2)

O que é literatura de cordel?

Literatura de cordel é uma manifestação literária do interior do nordeste brasileiro. É um gênero literário feito em versos com métrica e rima e caracterizado pela oralidade e por uma linguagem informal. Também chamada de literatura popular em verso, essa tradição se popularizou no final do século XIX, quando tais poesias passaram a ser impressas em folhetos e vendidas em feiras. 

O nome “cordel” faz referência às cordas onde os folhetos ficavam expostos. Seu formato foi inspirado nos cordéis lusitanos, trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses. Os folhetos de cordel medem cerca de 12 x 16 cm e como são folhas dobradas, têm número de páginas sempre múltiplos de quatro. Sua capa é feita em xilogravura e apresenta ilustrações que remetem ao conteúdo dos poemas.

As poesias de cordel retratavam a realidade do sertão nordestino e contavam histórias sobre os costumes locais, com forte utilização de humor e ironia. Além disso, serviam como fonte de informação para os moradores da região.

Os cordelistas, em geral, eram homens com pouca escolaridade e instrução. Muitos deles não chegaram nem a frequentar a escola e aprenderam a ler e escrever de maneira informal. Os temas das poesias de cordel trazem elementos da realidade sertaneja, tratavam das questões sociais e políticas e também serviam como fonte de informação para o povo nordestino.

Observe no trecho do poema "A triste partida" de Patativa do Assaré, o relato da realidade nordestina e a informalidade do estilo de escrita:


Setembro passou, com oitubro e novembro

Já tamo em dezembro.

Meu Deus, o que é de nós?

Assim fala o pobre do seco Nordeste,

Com medo da peste,

Da fome feroz.

 

Atividade

Leia o texto abaixo para responder às questões 01 a 10: 

“O lugar onde vivo”

Oh, meu amado lugar, 

Como é bonito te ver! 

Contemplar tuas terras  

E o aconchego perceber! 

Agora através destes versos 

Vou te fazer conhecer! 

Aqui tem um ar puro, 

Que vale a pena respirar. 

O ruim é que falta emprego, 

Pra alguns adultos trabalhar! 

Mas não falta o sorriso, 

Dessa gente do meu lugar! 

Moro no meio do sertão, 

Mas barragem tem pra pescar. 

Aqui as estradas são de barro, 

Mas nela a gente pode brincar. 

O povo não tem muito dinheiro, 

Mas um bom sorriso sabe dar.  

 

O meu lugar é bem simples, 

Mas aqui tem um museu! 

Onde guarda suas histórias, 

Que o tempo envelheceu. 

Tem até casa de farinha 

Que o sustento nos deu. 


Quando olho pro passado, 

Vejo que não era diferente. 

Casinha simples e pequena

Que abrigava muita gente. 

Embora o pouco que tinha, 

Todos viviam contentes!  

Todo dia no meu sertão, 

Vou pra escola e aprendo. 

Ouço bem meus professores 

Seus conselhos compreendo, 

Que estudar é necessário 

Pois mudar o mundo pretendo.

  

O meu lugar para mim 

É o melhor espaço que há, 

Tem muitas dificuldades, 

Um calor que é de amargar, 

Mas meu povo do sertão 

Com tudo isso sabe lidar. 

Vou concluindo meus versos 

Pois tenho que terminar, 

Mas nesta última estrofe 

Uma mensagem tem que ficar 

Que não precisa ser rico 

Pra felicidade encontrar.


José Luiz, aluno vencedor, em 1º lugar, na OLP Escrevendo o Futuro,

em 2019 – São Gonçalo do Amarante, com a professora Roberta Sousa.

  

1. Os textos exercem uma função social específica, nascem a partir de situações cotidianas de comunicação e apresentam uma intenção comunicativa bem definida.


O gênero do texto acima é: 


a) cordel. b) conto. c) relato. d) música. e) carta.

2. O texto apresenta um eu-lírico apaixonado por sua terra, apesar de alguns problemas existentes onde mora. Dentre os versos que comprovam essa afirmação está: 

a) “Contemplar tuas terras/ E o aconchego perceber!”. 

b) “O povo não tem muito dinheiro / Mas um bom sorriso sabe dar.” 

c) “Aqui tem um ar puro / Que vale a pena respirar.”. 

d) “Oh, meu amado lugar, / Como é bonito te ver!”.

e) O ruim é que falta emprego, / Pra alguns adultos trabalhar!”.


3. Vocativo é um termo da oração por meio do qual chamamos o nosso interlocutor, real ou imaginário. Um verso que apresenta um vocativo é: 


a) “Mas barragem tem pra pescar.”. 

b) “Vou concluindo meus versos.”. 

c) “O povo não tem muito dinheiro.”. 

d) “Oh, meu amado lugar.”.

e) “É o melhor espaço que há.”.

 

4. O autor do texto realiza em uma das estrofes uma série de expressões com ideia de contrastes. A cada situação que traz um problema social, ele próprio ameniza, apresentando ao leitor algo oposto, expondo um lado positivo da vida sertaneja.


Tais jogos de expressões estão contidos na: 


a) Segunda estrofe. 

b) Terceira estrofe. 

c) Quarta estrofe. 

d) Sexta estrofe. 

e) Sétima estrofe.


5. Um verso que apresenta uma linguagem coloquial, muito comum em situações informais, é: 


a) “Aqui tem um ar puro.”. 

b) “Uma mensagem tem que ficar.”. 

c) “Que vale a pena respirar.”. 

d) “Pra alguns adultos trabalhar!”. 

e) “Todos viviam contentes!”.


6. O texto apresenta sentimentos bem definidos pelo eu-lírico, desencadeados por descrições e narrativas sobre o lugar onde ele mora. Desse modo, podemos concluir que o tema principal do texto se resume a: 

a) saudades da infância. 

b) lembranças do sertão. 

c) belezas do meu lugar. 

d) saudades do passado.

e) a seca castigante.  


7. O verso que se inicia com ideia de oposição é:


a) “Mas aqui tem um museu!”. 

b) “Tem até casa de farinha.”. 

c) “Pra felicidade encontrar.”. 

d) “Quando olho pro passado.”. 

e) “Aqui tem um ar puro.”.


8. O eu-lírico manifesta ao leitor um desejo com muita clareza que provocará tomada de decisões no futuro. Esse desejo está contido no verso: 


a) “Vou concluindo meus versos.”. 

b) “Vou pra escola e aprendo.”. 

c) “Pois tenho que terminar.”. 

d) “Pois mudar o mundo pretendo.” 

e) “Tem muitas dificuldades.”.


9. No texto, é possível concluir que o eu-lírico se define em relação ao lugar em que vive principalmente como: 


a) chateado. b) deprimido. c) realizado. d) revoltado. e) ingrato. 


10. No verso: “Embora o pouco que tinha”, a palavra em destaque pode ser substituída, sem alterar o sentido original, por: 

a) “Portanto”. b) “Apesar do”. c) “Assim sendo”. d) “Entretanto”. e) “Porém”.


*Obs.: Algumas questões da atividade foram adaptadas da atividade original para cumprir o objetivo pedagógico para o qual foram utilizadas.


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